segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Últimos instantes no Rio Grande

Estamos nos preparando para partir. Os meninos estão temerosos de que eu possa não conseguir embarcar. Uns preocupados, estressados, paranóicos esses dois...
Só porque eu levo na bagagem:
uma bomba... e erva da boa!

O último espetáculo ontem foi o mais inusitado, e olha que pensávamos que já tínhamos passado por este mais inusitado. O local era uma tenda na Feira do Livro de São Leopoldo, palco coberto e platéia com teto também, embora sem paredes laterais. Mas o caso era a chuva. Choveu o dia inteiro e também na hora do espetáculo. Ficamos na expectativa se haveria alguém pra assistir, nem sabíamos se faríamos o espetáculo. Mas vocês acreditam que bem na hora surgiram, não sei de onde, sei que de debaixo da chuva, 100 pessoas pra ouvir e ver a história de Olympia!
E assim foi: São Pedro não deu trégua (talvez ciúmes de São Leopoldo...), a água caiu até no palco. Mas aconteceu alí, naquele momento, talvez até por essas condições tão adversas, um estado poético. Ele me conduziu, a história e a situação me levaram a uma situação diferente, e foram me fazendo caminhar junto com o público, do baú ao acordeón. Acabou sendo lindo o espetáculo.
Claro que o profissionalismo sustentou a situação e permitiu esta viagem: a luz ficou super bacana apesar de tudo, utilizamos um microfone no cabelo que garantiu o texto e etc. Grande experiência...
É muito bacana que depois de 5 anos este espetáculo ainda me surpreenda e me faça pensar. Aliás, talvez só por isso que ainda estejamos assim, à toda com ele. Fico pensando sempre no que exatamente faz Olympia ter essa possibilidade de diálogo com tanta gente. Isso porque Olympia não chega com nada pronto, que fosse já uma garantia: não vem de um texto consagrado (um Shakespeare, um Tchekov); tampouco de uma história universal (Joana D`arc, quem sabe). Também não traz uma linguagem conhecida, popular (músicas de Chico Buarque e empatia garantida). Não. Olympia se mete a contar a história de uma mulher feia, velha, chata, doida, desconhecida. Será que é por isso mesmo?

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