A PARTE I ESTA AÍ PARA BAIXO
Outro sujeito, da mesma forma presente em meus treininhos, é o cão.
Danada essa cachorrada. É sair e lá estão eles. Sorrateiros, começam a latir de longe e eu sem ter para onde correr continuo o passo. É muito susto. Coração dispara, sem poder ficar paralisado. Diminuo o ritmo e torço para que os bichos ou tenham medo de mim, o que é sempre improvável, ou uma voz salvadora grite nomes ridículos chamando os bichinhos para dentro de casa, o que nunca acontece. Deveriam os cães serem acusados de formação de quadrilha, pois sempre agem em bando. Basta um dar o sinal e por quilômetros se escuta o latido dos vizinhos caninos. Não importa a raça, o tamanho, a tez, o status social dos cãezinhos. Todos põem-se a latir e, pensando que são gente, buscam me amedrontar. E conseguem. Na minha cabeça, neste instante, corre um filminho de toda minha vida e um convicto ódio mortal de bichos não humanos. E meus equipamentos não ajudam em nadinha. Meu monitor de freqüência só mostra o aceleramento brusco do coração. O marcador de distância só avisa que não avanço mais que 12 km por hora e o meu tênis novíssimo não me dá asas como Hermes. Meu mp3 consegue é me tapar os ouvidos, dificultando que eu ouça latidos e tornando menor a distância entre os totós e eu. Pensei em comprar um troço, que ouvi contar, mas não sei se existe mesmo, que serve para emitir um som e espantar a matilhada ou talvez um spray paralisante, ou quem sabe um raio laser amedrontador de caninos, ou um novo e grande bastão que uso para ensaio, sei lá. Algo tem que ser feito. Enquanto isso fico entregue ao sabor dos ventos e da sorte que sempre tem me ajudado. Até hoje não morri de ataque cardíaco, se posso chamar de sorte viver estes momentos de pânico. Nesses momentos, e só neles, morro de saudade de meus dias felizes na academia do Olympico (meu clube em Belo Horizonte). Me vejo correndo na segurança de uma bela esteira e vendo a piscina ensolarada à minha frente esperando, ela um pulo meu e eu, um alegre almoço festivo de domingo depois do tal pulo. Concluí então que foram os cães os responsáveis pela criação das academias de ginástica. Estavam nossos antepassados livres e soltos, em contato com a natureza, fazendo sua malhaçãozinha e chegaram os cães. Foram obrigados, nossos homens da caverna, a fazerem um cercadinho e colocar ali o equipamento para a ginástica diária. Chegou outro e resolveu cobrar para entrar e contratou outro para ensinar o negócio e assim foi evoluindo.
Quando encontro com os bichos nas corridas, e é sempre, fico em estado alterado e então corro de qualquer forma. E segundos depois lá estou eu com meus joelhos reclamando. Doem durante e depois dos treinos. Tudo por culpa destes cães. Realmente não me simpatizo com eles e, sei, eles não gostam de mim. Empatamos.
O Grupo Teatro Andante é, há 21 anos, um dos mais atuantes de Belo Horizonte. Fundado por Marcelo Bones e Ângela Mourão, em 1991, roda Minas e o Brasil com seus espetáculos, participando de festivais nacionais e internacionais. Fora do Brasil já esteve na Argentina, Itália e Alemanha com suas criações artísticas. Esse blog foi criado para acompanhar as atividades do grupo, com notícias, imagens e textos que revelam os encontros, surpresas, eventos e curiosidades que surgem pelo caminho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário