Ao contrário de quase toda a humanidade, não sou muito simpáticos aos cães. E sei que a recíproca é verdadeira. Acordei dia desses muito cedo sonhando com uma horrível cirurgia de joelhos. Visualizei uma cena horrorosa com mistura de gordura, músculo, veias e melequinhas gosmentas, assim, sendo mexidas por mãos aluvadas segurando bisturis. E eram mãos caninas. Saí então cedo para correr. Tenho conseguido manter minimamente meus treinamentozinhos de corrida na viagem. Só não faço mais por causa de meus joelhos que estão em frangalhos. Tenho um tênis novo, comprado para a viagem, dos mais caros, dos melhores, apesar de que nem o gostinho de uma aquisição nova ele me deu. Comprei um quase igual ao outro que estava velho, em nome da performance e procurando não alterar nada na beirinha da viagem. Posição conservadora que normalmente não tenho. Quero sempre experimentar algo novo, diferente. No caso do tênis não arrisquei. Tenho também para as corridinhas um super relógio que me informa tudo sobre o treino. É amigo de um medidor de distância que fica amarrado no pé e que, por sua vez, é companheiro de trabalho de um cinto que amarrado na altura do estômago (para ser mais exato, no externo) mede o esforço do meu coração me precisando quantos batimentos o sujeito faz. Acrescido a isto possuo um novo Ipod, pretinho, trazido para mim por Aninha, que me dá prazer intenso ao escutar mais de hora de música que eu mesmo selecionei e que durante a corrida tenho a oportunidade de degustar com afinco. Estou agora viciado em Brad Mehldau. Além, é obvio, de calção e camisetas especiais. Este conjunto todo vale uma pequena fortuna para mim e é hoje meu maior patrimônio. O Fiorino 84 ficou pra trás, apesar de contar ridiculamente em minha declaração de imposto de renda (que renda?). Esqueci foi de comprar o mais importante: um par de joelhos novos. Os velhos insistem em doer horas depois de meus treinos. E olha que não estou abusando das subidas. Corri estes dias todos em pequenas cidades do interior do Rio Grande e Paraná e vou sempre para as estradas. Vou correndo, correndo, até o fim (ou início da cidade) e sigo essas estradinhas, muitas vezes encontrando caminhos lindos, bucólicos, rurais e, o melhor, de geografia quase sempre muito plana. A paisagem é sempre de pequenas colininhas e para nós mineiros falta montanha macha para esconder o outro lado do mundo. E para garantir o recato dos vizinhos e o segredo da casa. Aqui a vida fica mais devassada. Talvez por isto, esses de outras terras, não precisem das treliças nas janelas pra ver o mundo. Mineiro é encolhidinho.
As corridas são momentos de intenso prazer. Mas além da presença desse quase gozo, a porcaria dos joelhos se fazem presentes. Talvez, quem sabe, sua revolta se dê em solidariedade aos primos joelhos dos porcos que em terras de descendência alemã constituem matéria prima para prato típico: o tal do Einsbein. Outro sujeito, da mesma forma presente em meus treininhos, é o cão. Danada essa cachorrada.
CONTINUA DAQUI A ALGUNS DIAS
O Grupo Teatro Andante é, há 21 anos, um dos mais atuantes de Belo Horizonte. Fundado por Marcelo Bones e Ângela Mourão, em 1991, roda Minas e o Brasil com seus espetáculos, participando de festivais nacionais e internacionais. Fora do Brasil já esteve na Argentina, Itália e Alemanha com suas criações artísticas. Esse blog foi criado para acompanhar as atividades do grupo, com notícias, imagens e textos que revelam os encontros, surpresas, eventos e curiosidades que surgem pelo caminho.
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